
Feministas também saem do armário. E dependendo dos círculos que a pessoa frequenta, declarar-se feminista pode causar surpresa e até terror nos interlocutores. “O quê, você é feminista? Como assim?” Já ouvi essa pergunta mais vezes do que gostaria, e minha reação, invariavelmente, é responder: “Claro que sou! Você não?”
A própria pergunta e a expressão atônita ao ouvir minha resposta deixam claro que as pessoas que me interpelam dessa maneira não têm a mínima ideia sobre o que é o feminismo e o que significa ser feminista. Gosto muito da definição da escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie (lindamente sampleada na canção ***FLAWLESS***, da absoluta Beyoncé): “Feminista: uma pessoa que acredita na igualdade social, política e econômica entre os sexos”. Eu apenas trocaria “sexos” por “gêneros” (que vão muito além de homem e mulher), mas basicamente essa sempre foi e segue sendo a batalha de feministas no mundo todo. Se a princípio a luta era pela cidadania plena perante o Estado (e segue sendo, em alguns lugares), hoje, no Brasil e em muitos países do mundo ocidental, o acesso a direitos reprodutivos e o combate à violência de gênero têm sido nossas principais bandeiras.
Pra lembrar a importância das feministas, passadas e contemporâneas, nas vidas de pessoas de todos os gêneros, o coletivo feminista Não Me Kahlo começou hoje um twittaço com a hashtag #AgradeçaUmaFeminista. Você talvez não saiba, mas os direitos políticos das mulheres, como o voto e a possibilidade de se candidatar, o acesso delas à educação e avanços legislativos como a Lei Maria da Penha se devem à luta incansável, durante décadas, de – quem mais poderiam ser? – feministas.
Você sabia que o assassinato de mulheres adúlteras pelo marido era legalmente permitido no Brasil? Não é mais #AgradeçaUmaFeminista
— Não Me Kahlo (@NaoKahlo) 15 outubro 2015
Era dever da mulher por LEI no Brasil prestar serviços sexuais p seu companheiro sempre q ele solicitasse. Não é mais, #AgradeçaUmaFeminista
— Não Me Kahlo (@NaoKahlo) 15 outubro 2015
Você tem um CPF? #AgradeçaUmaFeminista (sim, bizarro, mulheres não tinham CPF até 1962).
— Não Me Kahlo (@NaoKahlo) 15 outubro 2015
não é mais obrigada (por lei) a casar com o seu estuprador pra salvar a “honra da família”? #AgradeçaUmaFeminista
— Gabriela Ferreira (@gabcfe) 14 outubro 2015
Mulheres já foram internadas como loucas por terem interesse em fazer coisas além de cuidar da casa e dos filhos. #AgradecaUmaFeminista
— Ativismo de Sofá (@ativismodesofa) 15 outubro 2015
Contrato proibia professora d casar, frequentar sorveterias e andar com homens. Isso mudou! #AgradeçaUmaFeminista pic.twitter.com/kyEUEeJMoL
— Jéssica (@jl_rigby) 14 outubro 2015
Você é vista como cidadã? Vota? Pôde estudar? Pode exercer a profissão que escolheu? Tudo graças às que vieram antes. #AgradeçaUmaFeminista — Thaís Sposito (@tatesoca) 15 outubro 2015 Pode escolher ter ou não ter filhos? #AgradecaUmaFeminista — Vanessa (@vanessavbarbosa) 14 outubro 2015
Em 1928 as mulheres conquistam o direito de disputar oficialmente as provas olímpicas. Tem mulher nos @JogosOlimpicos? #AgradeçaUmaFeminista
— Não Me Kahlo (@NaoKahlo) 15 outubro 2015
Através da lei, a violência doméstica deixou de ser vista, ao menos no âmbito jurídico, como um problema privado. #AgradecaUmaFeminista — thaís cabelinha (@thais_inha) 15 outubro 2015
Vamos todas? ❤️ “@NaoKahlo: #AgradeçaUmaFeminista e #SejaUmaFeminista! pic.twitter.com/7140zgPVeD”
— Carla (@infantecarla) 15 outubro 2015
E aí, já agradeceu a uma feminista hoje?
(Feminismo, sim, gradicida! Foto por broco_lee via Flickr CC)